Fran abriu a porta para Ana entrar. A vizinha trazia nas mãos um envelope grande, que despertou logo o interesse da dona da casa.
– O que trazes aí? – questionou Fran, antes de lhe dar tempo para se sentar.
– Trago-te um presente.
– Um presente?
– Sim, um conjunto de cartas.
– Cartas?
– Sim, cartas privadas que foram escritas por um homem a um grupo de pessoas, especialmente ao irmão.
– Mas que interesse é que podem ter as cartas, se eu não conheço o autor?
– Conheces, conheces! Não pessoalmente, claro, mas conheces!
– Explica lá melhor.
– Imagina que tinhas a hipótese de ler as cartas privadas de uma pessoa famosa, muito famosa.
– Daquelas pessoas que vêm nas revistas?
– Muito, muito mais importante do que isso.
– Estou a ficar curiosa. Mostra lá as cartas – pediu.
– Espera, tem calma, deixa-me criar suspense. Vou fazer uma introdução à pessoa em causa, para ver se tu descobres quem é. Ou melhor, tu fazes perguntas e eu respondo sim ou não.
– Homem?
– Sim.
– Loiro ou moreno?
– Nenhum dos dois. Era ruivo e tinha barba.
– Era, dizes tu… portanto já morreu. Era Casado?
– Onde é que pensas chegar com essas perguntas? Não, não era. Teve uns casos, mas nenhum o levou ao altar.
– Cientista?
– Não, nada disso.
– Artista?
– Muito bem!
– Foi rico e famoso, ou só famoso?
– Nem uma coisa nem outra, enquanto foi vivo teve sempre dificuldades financeiras e ninguém falava dele.
– Tinha alguma deficiência? – questionou Fran, lembrando-se do olho de Camões.
– Sim, a partir de certa altura ficou com um bocado a menos.
– Que bocado?
– Só sim ou não – disse Ana, relembrando-lhe as regras.
– Era escritor?
– Não sei o que te responda. Ele escrevia imenso, tinha uma necessidade enorme de escrever e até escrevia bem. Mas não. Não é como escritor que ele é conhecido.
– Bolas! Então não é quem eu estava a pensar. Era pintor?
– Sim.
– Onde é que nasceu?
– Nem penses! Só vale fazer perguntas de sim ou não.
– Era português?
– Não, era holandês.
“Tanta coisa com o cumprimento das regras e depois responde o que quer”, pensou Fran.
– Ele viveu nos nossos dias?
– Não, foi no século XIX. Nasceu em 1853.
– Pintor holandês, ruivo, do século XIX? – Fran não tinha ideia nenhuma. – Acaba com isso e diz lá de quem são as cartas.
– Vincent Van Gogh. Conheces?
– O que trazes aí? – questionou Fran, antes de lhe dar tempo para se sentar.
– Trago-te um presente.
– Um presente?
– Sim, um conjunto de cartas.
– Cartas?
– Sim, cartas privadas que foram escritas por um homem a um grupo de pessoas, especialmente ao irmão.
– Mas que interesse é que podem ter as cartas, se eu não conheço o autor?
– Conheces, conheces! Não pessoalmente, claro, mas conheces!
– Explica lá melhor.
– Imagina que tinhas a hipótese de ler as cartas privadas de uma pessoa famosa, muito famosa.
– Daquelas pessoas que vêm nas revistas?
– Muito, muito mais importante do que isso.
– Estou a ficar curiosa. Mostra lá as cartas – pediu.
– Espera, tem calma, deixa-me criar suspense. Vou fazer uma introdução à pessoa em causa, para ver se tu descobres quem é. Ou melhor, tu fazes perguntas e eu respondo sim ou não.
– Homem?
– Sim.
– Loiro ou moreno?
– Nenhum dos dois. Era ruivo e tinha barba.
– Era, dizes tu… portanto já morreu. Era Casado?
– Onde é que pensas chegar com essas perguntas? Não, não era. Teve uns casos, mas nenhum o levou ao altar.
– Cientista?
– Não, nada disso.
– Artista?
– Muito bem!
– Foi rico e famoso, ou só famoso?
– Nem uma coisa nem outra, enquanto foi vivo teve sempre dificuldades financeiras e ninguém falava dele.
– Tinha alguma deficiência? – questionou Fran, lembrando-se do olho de Camões.
– Sim, a partir de certa altura ficou com um bocado a menos.
– Que bocado?
– Só sim ou não – disse Ana, relembrando-lhe as regras.
– Era escritor?
– Não sei o que te responda. Ele escrevia imenso, tinha uma necessidade enorme de escrever e até escrevia bem. Mas não. Não é como escritor que ele é conhecido.
– Bolas! Então não é quem eu estava a pensar. Era pintor?
– Sim.
– Onde é que nasceu?
– Nem penses! Só vale fazer perguntas de sim ou não.
– Era português?
– Não, era holandês.
“Tanta coisa com o cumprimento das regras e depois responde o que quer”, pensou Fran.
– Ele viveu nos nossos dias?
– Não, foi no século XIX. Nasceu em 1853.
– Pintor holandês, ruivo, do século XIX? – Fran não tinha ideia nenhuma. – Acaba com isso e diz lá de quem são as cartas.
– Vincent Van Gogh. Conheces?
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